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Neste post eu te ajudo a entender como anda a situação do Coronavírus no Japão. Quais foram as principais atitudes tomadas pelo governo, como o Japão tem – de certa forma – conseguido controlar a pandemia no país, as fases de reabertura e o cenário atual pós-quarentena.

Situação inicial do Coronavírus no Japão

O Japão foi um dos primeiros países a confirmar casos de coronavírus após a declaração da China sobre o novo vírus.

Foi no dia 16 de janeiro que o Japão constatou o primeiro caso de coronavírus e, no dia 13 de fevereiro, a primeira morte no país causada pelo vírus .

Alguns fatores nos levavam a acreditar que o Japão seria um dos países mais afetados pelo Coronavírus, como por exemplo o fato do país possuir a maior população idosa do mundo (28,5% dos habitantes), a proximidade e a enorme conexão turística com a China, o grande número de fumantes (considerados grupo de risco) e, além de tudo isso, a densidade populacional: 126 milhões de pessoas em uma área que tem mais ou menos o tamanho do nosso estado da Bahia.

Mas então, como o Japão conseguiu controlar a pandemia?

Contrariando todas as especulações iniciais e sem aplicar o lockdown, até o momento, comparado com outros países, o Japão possui um baixo número de casos: 21,198 confirmados e 982 mortes, sendo que, entre os confirmados, 17.652 já se recuperaram.
*Dados da última sexta-feira (10) segundo emissora pública NHK.

Existem inúmeras análises feitas para entender como foi possível – de certa forma – controlar o coronavírus no Japão:

Algumas dessas justificativas giram em torno de:

– Fatores culturais (uso de máscara, cumprimento sem contato físico etc);

– Alto padrão de higiene pessoal;

– Obediência às solicitações do governo;

– E, para se ter uma noção, especula-se até que a falta de algumas consoantes no idioma japonês faz com que se propague menos gotículas do vírus.

Mas as principais e mais LÓGICAS explicações são:

– Rastreamento das pessoas e locais logo no início os casos de contaminação;

– Conscientização da população desde os primeiros alertas;

– Fechamento das escolas antes do aumento no número de casos (01 de março);

– Fechamento imediato das fronteiras (10 de março);

– E, mesmo que tardia, a declaração do estado de emergência (07 de abril).

O pico da pandemia de COVID-19 no Japão

Abril foi marcado como o pior momento para os japoneses em relação à pandemia. Este foi o mês com maior número de pessoas contaminadas pelo vírus.

O pico de contaminação de coronavírus no Japão aconteceu no dia 11 de abril, quando em único dia, mais de 700 pessoas foram contaminadas.

Foi também neste mês, no dia 07 de abril, que o governo decretou o estado de emergência em todas as províncias do país. Com isso, muitas empresas adotaram o sistema de home-office e os funcionários passaram a trabalhar de casa. Alguns comércios fecharam as portas, outros diminuíram o horário de abertura.

Assim, com menos pessoas circulando nas ruas, os casos começaram a diminuir gradativamente ao longo dos dias, até que, no dia 25 de maio o governo decidiu suspender o estado de emergência.

No momento da suspensão, o país registrava uma média de 30 novos casos por dia. Em alguns dias, Tóquio, a cidade que mais sofreu com o vírus, marcava apenas 2 ou 3 novos contaminados confirmados.

Pós-quarentena – Fases de reabertura

O dia 25 de maio o governo japonês iniciou a primeira fase de reabertura para todo o país. O plano foi dividido em 3 fases, com as seguintes regras:

1ª fase de reabertura – 25 de maio

– Abertura de escolas, museus, bibliotecas, universidades;
– Restaurante abertos até às 22h;
– Eventos públicos com no máximo 50 pessoas.

2ª fase de reabertura – 01 de junho

– Abertura de espaços culturais, livrarias, teatros, cinemas, observatórios, salões de beleza, academias;
– Eventos públicos com no máximo 100 pessoas.

3ª fase de reabertura – 11 de junho

– Karaokês, Internet cafés, bares, casas de jogos;
– O comércio e restaurantes abertos até 0h;
– Eventos públicos com no máximo 1.000 pessoas.

Situação atual do coronavírus no Japão – JULHO

Desde o primeiro dia de julho, Tóquio vem sofrendo com a subida no número de pessoas contaminadas pelo vírus – marcando mais de 100 casos todos os dias nesses primeiros dias do mês e mais de 240 em um único dia (10 de julho).

Tenho lido muitas notícias especulando uma possível volta do estado de emergência, mas nas últimas declarações do governo japonês, comenta-se que estes novos casos são diferentes.

Eles alegam que agora, mais do que antes, o governo foi capaz de rastrear a grande maioria dos casos e, portanto, eles têm conseguindo isolar os locais onde pessoas foram infectadas e testar massivamente estes lugares vinculados aos casos.

O governo também diz que, diferente dos primeiros meses, mais da metade dos novos casos são pessoas com 20 anos ou menos e, por isso, estes novos contaminados têm menos chances de ficar gravemente doente do que pacientes idosos.

E, de acordo com dados do governo, das quase 1.000 mortes de o país, apenas 5 ou 6 eram jovens dessa idade.

O que me leva a questionar essa decisão é que, como sabemos, jovens, ainda que não sofrendo as mesmos efeitos do vírus que um paciente idoso ou do grupo de risco, podem ser transmissores do vírus.

Precisamos lembrar que jovens contaminados assintomáticos podem passar o vírus para outras pessoas – no trabalho, nos metrôs ou nos eventos com aglomerações, por exemplo – e estas outras pessoas podem não reagir com a mesma imunidade.

Novas ações do governo no combate ao coronavírus no Japão

Atualmente, a capital está realizando uma média de 2.000 testes por dia, nos bairros mais afetados pelo vírus. Os testes em massa estão acontecendo principalmente em bairros como Shinjuku, famoso pela vida noturna.

Os governantes voltaram a falar incisivamente sobre os perigos e a possibilidade de uma nova onda de contaminação de coronavírus no Japão. Além dos alertas para que as pessoas evitem aglomerações, usem máscaras, mantenham o distanciamento social e os hábitos de higiene, o governo também pede que se evite viagens neste momento.

A conscientização e o cuidado da população, mais uma vez, será determinante para conter o vírus e evitar que o número de contaminados volte a crescer como vimos acontecer no mês de abril.

Acompanhe o meu dia a dia pelas redes sociais. No Instagram eu compartilho as minhas descobertas diárias e mais informações sobre o coronavírus no Japão.

postado por
Cleide
Paulistana de 28 anos residente em Tóquio. Começou sua jornada de descobertas na Europa, mas atualmente explora as diversidades do maior continente da terra, a Ásia!
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